Na passada sexta feira fui a uma entrevista. Convenhamos que no primeiro dia desempregada conseguir uma entrevista na minha área é qualquer coisa como muito muito pouco provável, ou se não tivesse acontecido comigo, diria impossível mesmo.
O que é certo é que agarrei a oportunidade com unhas e dentes e fui capaz de dizer que faço e aconteço, dou piruetas com mortais invertidos e nunca me lesiono. Queria muito que tudo corresse bem e que acreditassem no meu empenho e valor. Precisava preciso mesmo de trabalhar.
As probabilidades de ter ficado desempregada a uma sexta e ser admitida na segunda seguinte [sem cunhas, convêm frisar] eram praticamente nulas e nem que fosse pelas estatísticas a minha moral durante o fim de semana não foi grande coisa, muito pelo contrário.
Antes de me deslocar para a entrevista liguei a quem de direito e qual é o meu espanto quando do lado de lá me convidam para almoçar com o propósito de que a entrevista ficava muito em cima da hora e assim sendo almoçávamos juntos enquanto conversávamos. A coisa começou logo a cheirar-me mal, mas não podemos perder as esperanças. Agarrei no carrinho e pus-me à estrada. Fui entrevistada e no meio de perguntas e respostas surge a questão de que se era casada ou não. A minha resposta foi afirmativa, ao qual até frisei em tom de brincadeira "Bem casada". Tentou convencer-me a ficar a viver na cidade onde era a empresa, porque tinha "casas aos trambolhões" e assim poderia compensar as horas perdidas em viagens. Não entendo, se fizer as minhas 8 horas diárias, não estou a ver onde tenho que compensar a empresa. Se chego às nove ou dez horas da noite a casa isso é comigo, certo? Continuando, após algum tempo, o questionário terminou e o Sr. [tenho muitas dúvidas que o seja] acompanhou-me à porta e prometeu-me que na segunda feira me ligava a dar uma resposta.
Então mas e o almoço perguntam vocês. Pois, também eu me questionei sobre isso várias vezes até conseguir chegar a casa. Como é que num espaço de pouco mais de uma hora o Sr. [??] se tinha esquecido que me tinha convidado para almoçar? Que fique bem claro que eu nem queria almoçar com ele, em primeiro porque não o conheço de lado nenhum e depois porque acho que uma entrevista de trabalho não deve ser num restaurante, contudo a questão continuava no ar... porquê?
Pois bem, as perguntas ficaram e a vida continuou. Ontem almocei em casa de uma amiga que após lhe contar esta história, exclama que já ouviu tema idêntico [com muitos mais capítulos] de uma outra nossa amiga e que só ia confirmar se a empresa era a mesma. Pois a empresa era a mesma e a história muito idêntica. Entrevista, convite para almoço, oferta de estadia com "casas aos trambolhões" e admissão da mesma. A [grande] diferença entre nós é que ela é solteira e eu casada. Daí a admissão dela na empresa e eu nem ter chegado sequer ao almoço.
Então vejam bem os intuitos deste traste [que não pode ter outro nome]. Após ter admitido a minha amiga, diz-lhe que tem que ir a uma feira na Alemanha, pede-lhe que vá com ele para começar a entrar no mundo da construção e qual é o espanto quando chegam ao hotel e o nojento de merda só tinha reservado um quarto de hotel, um só. Apenas um quarto com cama de casal.
E após esta história/ pesadelo só me resta pensar que ontem almoçei com um anjo e que há predadores em cada esquina que passamos.