sexta-feira, 30 de novembro de 2012

As portas do forno voltam a abrir-se :)

Voltei a pôr as mãos na massa e resolvi fazer o bolinho de aniversário da minha afilhada para este fim de semana. Preciso de voltar à vida "normal" e não posso continuar a recusar encomendas.
A minha vida nestes últimos tempos tem-se pintado de preto e branco e preciso de voltar a pinta-la de muitas cores. Nem que seja com as cores das pastas de açúcar a colocar nos bolos.
Voltar a sorrir é uma prioridade. Voltar a ser a Maria de outros tempos é mais do que um desejo. Preciso de voltar a ser eu mesma, sem medos e sempre com esperança.
Um dia vou conseguir chegar ao cima da escada, caminhando degrau a degrau mas sem nunca cair. Um dia vou conseguir dizer já sem mágoa que perdi os meus bebés com 4 meses de gestação, nunca vou esquecer, mas um dia vou seguir em frente!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Porquê!? É a questão que me assombra todos os dias

O cursor não pára de piscar e as palavras simplesmente não saem.
A vontade de desabafar é enorme e a necessidade de deitar tudo cá para fora, por forma a conseguir ultrapassar esta dor tão grande e fazer o luto a que tenho direito é demasiada, pelo que dias e dias sem coragem de me exprimir chegaram ao fim e vou tentar que a rotina a que já estava habituada de escrever neste meu espaço seja cumprida.
A minha ausência deve-se a um sem número de problemas que me ocorreram nestes últimos meses.
Penso que com o meu testemunho possa ajudar quem se encontre numa situação idêntica, pelo menos a perceber que o que me aconteceu pode acontecer a qualquer uma e ainda numa fase muito recente das minhas perdas as minhas palavras poderão não ser de alento mas pelo menos de compreensão.
Há quatro meses atrás descobri que estava grávida e a minha vida mudou por completo. A alegria reinava cá em casa e ao mesmo tempo o medo assombrava os meus pensamentos só de pensar que ia ser mãe. Caramba, mãe. Que palavra tão forte e que sentido de responsabilidade esta palavra tão simples e pequena significava. Mas a felicidade era demasiada pelo que as dúvidas ficavam para depois. Mãe! Eu, vou ser mãe!!
Passados dois meses de uma gravidez sã e feliz descobrimos que a minha felicidade iria ser a dobrar, bem como os choros, as fraldas, as mijadelas, etc, etc, etc. A 17 de Outubro descobrimos que iríamos ser pais de gémeos. Sim gémeos. Como é possível perguntam vocês, assim como eu perguntei inúmeras vezes. Em nenhuma das famílias havia gémeos, como é que isso me poderia ter acontecido?!
A explicação fica para outro post e assim tal como eu tirei um doutoramento em gémeos nestes últimos meses, vocês também vão poder perceber que todas as mulheres podem ter gémeos. Mas não se assustem, o que me aconteceu só acontece a 1% das mulheres no mundo pelo que dificilmente vos irá acontecer.
A minha obstetra pediu-me que no dia seguinte fosse ter com ela ao hospital para me examinar melhor. Apartir desse dia a minha vida tem sido um inferno. Descobrimos que a minha gravidez era mono mono (gravidez em que ambos os bebés estão na mesma placenta e no mesmo saco, partilhando o mesmo espaço, o mesmo liquido amniótico e o mesmo alimento).
Fui encaminhada de urgência para a maternidade para ser seguida por especialistas pois o meu caso era raríssimo e de alto risco. Quando cheguei fui vista por 9 médicos!! Diziam eles que um caso assim tinha que ser visto por todos, porque dificilmente na vida deles iriam voltar a ver um caso destes.
Porquê eu, tem sido a minha questão no decorrer dos últimos tempos. Porquê? Porquê? Se só acontece a 1% das mulheres no mundo, porquê eu!
Ao fim de dois meses de sofrimento, sem respostas às minhas inúmeras perguntas por parte dos especialistas, porque nem eles sabiam bem o que me responder e como tratar o meu caso, uma vez que as probabilidades desta gravidez terminar eram altíssimas visto os bebés partilharem o mesmo espaço e haver muitos riscos dos cordões se entrelaçarem e os bebés morrerem com falta de alimento, ou terem deficiências físicas e mentais, os meus bebés morreram às 15 semanas e alguns dias.
Uma vez que a gravidez já era avançada (4 meses) tive que fazer parto normal e ter os meus bebés, os meus filhos ou filhas!
Faz hoje duas semanas que soube que "a sua gravidez está interrompida". Faz hoje duas semanas que chorei e gritei como se o meu mundo tivesse acabado. Faz hoje duas semanas em que perdi toda a fé. Faz hoje duas semanas que o meu mundo caiu aos meus pés e eu perdi os meus filhos/as. Os meus queridos filhos/as.